Em época de carnaval, até quem não tem o costume de viajar ou cair na folia, acaba aceitando convites de amigos e familiares para aproveitar os 5 dias de folga. Os destinos são os mais variados possíveis: praias, serras, eventos culturais pela cidade, saidinhas de leve (cinemas, boates). Mas, no meu caso, o carnaval inteiro foi dentro de casa. Seja por falta convites ou quando bate aquela bad. Não saí nem para saber o que estava acontecendo na rua. Às vezes bate aquela vontade de hibernar.
Então, sendo assim, mesmo estando em casa, ou eu fazia alguma coisa para ‘passar o tempo’ ou ia acabar e enlouquecendo. A estante do meu quarto é cheia de livros, dos mais variados temas e assuntos. Livros que vou comprando ao longo do ano e que acabo lendo alguns capítulos e depois deixo de lado. Amo comprar livros e mais ainda ler. É bom demais a sensação de terminar um livro e pensar sobre ele — perceber que aquele texto ou história mudou alguma coisa em você. Pois bem: vendo a minha estante cheia de livros que nunca li, resolvi me ‘aventurar’ em ler alguns. O máximo que puder nestes 5 dias de folga.
Eis o saldo do carnaval:
· Caminhos Cruzados, Erico Verissimo;
· O Mito de Sísifo, Albert Camus;
· A Metamorfose, Franz Kafka;
· O Lobo da Estepe, Herman Hesse.
No calor do momento, peguei o primeiro que vi: Caminhos Cruzados, do Erico Verissimo. Comprei esse livro em 2006, há mais de dez anos! E nunca havia lido… muito embora o meu amor pelos textos dele. Uma grande colcha de retalhos de histórias diversas, mas que — de fato — se cruzam no meio do caminho. Homens e mulheres em várias nuances e vários ângulos sociais. A história mostra uma Porto Alegre da década de 1930 cheia de modernização, de miséria, luxo e também desencantamento. Pesquisando mais sobre o livro, vi que o estilo narrativo foi muito influenciado pelos livros de Aldous Huxley pois há uma real ausência de personagem principal. São histórias entrelaçadas que constroem uma sociedade, como um tecido feito de diferentes tipos de panos.

É interessante notar que, à medida que se lê sobre os personagens, é natural fazermos algumas associações com a vida real. Certamente você vai se deparar com a pergunta: “eu conheço uma pessoa igualzinha a esse personagem aqui!”. Como não achar várias donas Eudóxias por aí? No livro ela é mãe de Fernanda. Esta é namorada do ingênuo Noel. Dona Eudóxia é extremamente pessimista e sempre acredita que as coisas vão dar errado.
E João Benévolo? Coitado. Um pobre sonhador desempregado, que adora ler e simplesmente viaja nas histórias que absorve nos livros. Em algumas passagens é até perigoso você viajar também, pois Erico desenvolve uma narrativa muito envolvente. Ele não tem o que comer em casa. Sua esposa e seu filho estão com fome. Sai de casa, vagueia pelas ruas, sonha alto, imagina estar num mundo paralelo para não sofrer tanto.
Temos também o professor Clarimundo. Solteiro, 48 anos, professor. Metódico e ansioso, é escravo do relógio. Sonha em escrever um livro sobre fantasia e descobertas científicas. Todos os dias, pela manhã, precisa tirar os seus 40 minutos de leitura.
No prefácio que o próprio Erico escreveu em 64, o autor o considerou Caminhos Cruzados “um livro de protesto que marca a inconformidade do romancista ante as desigualdades, injustiças e absurdos da sociedade burguesa”, numa época em os militares voltariam ao poder. Ler este livro é identificar-se com os personagens, com a história, com o modo de viver deles. É como ver um pouco do seu reflexo num grande espelho literário.
Então, sendo assim, mesmo estando em casa, ou eu fazia alguma coisa para ‘passar o tempo’ ou ia acabar e enlouquecendo. A estante do meu quarto é cheia de livros, dos mais variados temas e assuntos. Livros que vou comprando ao longo do ano e que acabo lendo alguns capítulos e depois deixo de lado. Amo comprar livros e mais ainda ler. É bom demais a sensação de terminar um livro e pensar sobre ele — perceber que aquele texto ou história mudou alguma coisa em você. Pois bem: vendo a minha estante cheia de livros que nunca li, resolvi me ‘aventurar’ em ler alguns. O máximo que puder nestes 5 dias de folga.
Eis o saldo do carnaval:
· Caminhos Cruzados, Erico Verissimo;
· O Mito de Sísifo, Albert Camus;
· A Metamorfose, Franz Kafka;
· O Lobo da Estepe, Herman Hesse.
No calor do momento, peguei o primeiro que vi: Caminhos Cruzados, do Erico Verissimo. Comprei esse livro em 2006, há mais de dez anos! E nunca havia lido… muito embora o meu amor pelos textos dele. Uma grande colcha de retalhos de histórias diversas, mas que — de fato — se cruzam no meio do caminho. Homens e mulheres em várias nuances e vários ângulos sociais. A história mostra uma Porto Alegre da década de 1930 cheia de modernização, de miséria, luxo e também desencantamento. Pesquisando mais sobre o livro, vi que o estilo narrativo foi muito influenciado pelos livros de Aldous Huxley pois há uma real ausência de personagem principal. São histórias entrelaçadas que constroem uma sociedade, como um tecido feito de diferentes tipos de panos.

É interessante notar que, à medida que se lê sobre os personagens, é natural fazermos algumas associações com a vida real. Certamente você vai se deparar com a pergunta: “eu conheço uma pessoa igualzinha a esse personagem aqui!”. Como não achar várias donas Eudóxias por aí? No livro ela é mãe de Fernanda. Esta é namorada do ingênuo Noel. Dona Eudóxia é extremamente pessimista e sempre acredita que as coisas vão dar errado.
E João Benévolo? Coitado. Um pobre sonhador desempregado, que adora ler e simplesmente viaja nas histórias que absorve nos livros. Em algumas passagens é até perigoso você viajar também, pois Erico desenvolve uma narrativa muito envolvente. Ele não tem o que comer em casa. Sua esposa e seu filho estão com fome. Sai de casa, vagueia pelas ruas, sonha alto, imagina estar num mundo paralelo para não sofrer tanto.
Temos também o professor Clarimundo. Solteiro, 48 anos, professor. Metódico e ansioso, é escravo do relógio. Sonha em escrever um livro sobre fantasia e descobertas científicas. Todos os dias, pela manhã, precisa tirar os seus 40 minutos de leitura.
No prefácio que o próprio Erico escreveu em 64, o autor o considerou Caminhos Cruzados “um livro de protesto que marca a inconformidade do romancista ante as desigualdades, injustiças e absurdos da sociedade burguesa”, numa época em os militares voltariam ao poder. Ler este livro é identificar-se com os personagens, com a história, com o modo de viver deles. É como ver um pouco do seu reflexo num grande espelho literário.
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